sexta-feira, 1 de junho de 2018

Junho: mês de Festas juninas

Festas Juninas e Quermesses


Festa junina - pintura do artista de Caruaru Militão dos Santos

Festa Junina

Originalmente as festas juninas eram festas pagãs. Ao longo do tempo essas comemorações assumiram aspecto religioso através dos católicos da Europa. Tais festas passaram a ser organizadas  para homenagear os santos de devoção: Santo Antônio, São João e São Pedro.

As festas juninas foram trazidas para o Brasil pelos colonos portugueses. Seus principais símbolos têm um significado para a festa:

Fogos de artifício – são queimados para espantar os maus espíritos.

Mastro – tem relação com os cultos agrários e é erguido para expressar gratidão aos santos pela germinação das sementes.

Bandeirinhas – originalmente continham frases religiosas ou desenhos de santos, atualmente só enfeitam a festa por suas cores.

Casamento – é uma sátira aos casamentos tradicionais: o pai da noiva, grávida, obriga o rapaz, que quer fugir, a se casar com a filha, apontando-lhe uma espingarda. Após a cerimônia, os noivos puxam a quadrilha.

Quadrilha – dança em agradecimento aos santos juninos.

Fogueira – geralmente bem alta, é queimada para purificar o local.

Comidas e bebidas típicas - simbolizam o agradecimento pela fartura nas colheitas. As mais comuns são: Amendoim torrado, Arroz doce, Bolo fatiado, Cachorro-quente, Pão com linguiça, Canjica, Curau, Cuzcuz, Doce de abóbora, Doce de batata doce, Espetinho, Milho cozido, Paçoca, Pamonha, Pasteis, Pinhão, Pipoca, Quentão, Sagu e Vinho quente.

Brincadeiras mais comuns:

Corrida de saco
Subindo no pau de sebo

Corrida do saco, Corrida do Saci-Pererê, Correio Elegante, Pau de sebo, Pescaria, Pular fogueira,
Simpatias.

Quermesse

Esse tipo de festa teve origem nos Países Baixos, durante a Idade Média. O nome “quermesse” vem da expressão kerkmisse, do antigo holandês (kerk é “igreja”, e misse, “missa”). A mais antiga festa desse tipo de que se tem notícia data de 1370.

A quermesse era realizada uma vez por ano em comemoração ao santo padroeiro da igreja. Assim, cada paróquia realizava sua quermesse numa data diferente, dependendo do dia da comemoração de seu santo padroeiro. Geralmente as quermesses eram precedidas de procissões religiosas.

Hoje em dia, o termo quermesse é usado para descrever qualquer evento onde exista algum tipo de diversão, como barracas de sorteios, jogos com prêmios, gastronomia típica, etc.

Atualmente são realizadas em vários lugares do mundo como Bélgica, Itália, França, Macau, Índia, Malásia, México, Brasil, Argentina, Chile e outros países na América, África e Ásia. Também realizam-se grandes procissões ligadas a esses festejos.

No Brasil, acontecem em um espaço amplo, ao ar livre, chamado de arraial, onde são erguidas barracas unicamente para o evento. Geralmente, o arraial é decorado com bandeirinhas de papel colorido, balões e palha de coqueiro ou bambu. Nesse local acontecem as quadrilhas, os forrós, os casamentos e demais brincadeiras.

A festa brasileira de São João é típica da Região Nordeste. Por ser uma região árida, o Nordeste agradece anualmente a São João Batista e também a São Pedro, pelas chuvas caídas nas lavouras.

Há também as comemorações do Senhor do Bonfim, Santo Antônio de Jesus e Cruz das Almas na Bahia; Aracaju em Sergipe; Caruaru, Petrolina e Arcoverde em Pernambuco; Campina Grande na Paraíba; Mossoró no Rio Grande do Norte; Juazeiro do Norte no Ceará; São Luís no Maranhão; e Cametá no Pará; dentre outros.

Caruaru e Campina Grande realizam as maiores festas juninas do Brasil, cada uma delas durando 30 dias. O São João de Caruaru está consolidado no Guinness Book como a maior festa regional ao ar livre do mundo e Campina Grande realiza a festa intitulada "O Maior São João do Mundo".

Arraial de São João - pintura de Assis Costa Artista Potiguar
As quermesses ainda são bastante populares no interior de São Paulo. Algumas das quermesses mais conhecidas são: Quermesse de Jandira, Quermesse de Garopaba, Quermesse do Calvário, Festa Santo Antônio do Pari, Quermesse de Mauá.

Curiosidades

A bem conhecida Oktoberfest, realizada anualmente na cidade de Munique, na Alemanha, começou como uma quermesse de igreja realizada em ação de graças pela colheita.

John Lennon e Paul McCartney se conheceram numa quermesse em julho de 1957,  onde Lennon se apresentava com seu conjunto The Quarry Men no pátio da Igreja de São Pedro, em Liverpool. Na ocasião McCartney, então com quinze anos, foi apresentado a ele por um amigo comum. Paul, tocou alguns rocks ao violão e John ficou tão impressionado que o convidou para entrar para a banda.

Abraço,

Angelyne


domingo, 6 de maio de 2018

Como preparar uma deliciosa feijoada


Quem não aprecia saborear aquela feijoada suculenta num sabadão de outono, acompanhada de uma batidinha? 

Ah, mas você não tem muita prática em culinária? Não se assuste, preparar uma feijoada deliciosa não tem mistério. O segredo está no tempero.

Com este passo a passo você será capaz de preparar uma feijoada que fará sua família e amigos pedirem bis!

Vamos lá? Tome nota e vá às compras:

Ingredientes:

1 kg de feijão preto (também pode ser outro que preferir)
½ kg de costelinha de porco defumada
½ kg de carne salgada, preferivelmente lombo ou pernil
1 pedaço de carne seca sem gordura (opcional – há quem não goste)
4 gomos de linguiça portuguesa defumada
4 pecinhas de paio
200 g de bacon picado
2 cebolas grandes picadas
8 dentes de alho amassados
2 folhas de louro
Sal a gosto
Pimenta a gosto
Azeite para refogar os temperos

Modo de fazer:

Lave bem o feijão e deixe de molho, por pelo menos 2 horas, enquanto prepara as carnes.
Lave o lombo ou pernil para retirar o excesso de sal, corte em pedaços de aproximadamente 3x4cm;
Corte a carne seca em pedaços desse mesmo tamanho;
Corte a costelinha entre cada dois ossos;
Corte a linguiça e o paio em fatias mais ou menos grossas.

Em uma panela de pressão grande (caso não caiba tudo em uma panela, distribua igualmente em duas) acomode as carnes no fundo, coloque o feijão e as folhas de louro por cima, acrescente água até dois dedos acima do nível dos ingredientes, de forma que tudo fique bem submerso, deixando um espaço, de pelo menos três dedos, entre a superfície da água e a borda da panela. 

Tampe-a e leve ao fogo alto até começar a chiar, abaixe o fogo até o mínimo e deixe por aproximadamente 30 minutos. Desligue o fogo, espere o vapor terminar de sair e abra a panela. Se o feijão ainda estiver duro, leve de volta ao fogo com a panela tampada e depois que atingir a pressão deixe por mais 10 minutos. Depois de abrir a panela, leve-a novamente ao fogo brando sem tampar.

Em outra panela coloque o azeite e refogue o bacon até começar a dourar, acrescente a cebola e o alho e continue fritando até dourarem, encha uma escumadeira com os grãos de feijão cozidos e coloque-os no refogado, mexa bem e coloque tudo de volta no feijão. Passe um pouco de água fervendo na panela em que fez o tempero e despeje também. Misture muito bem e deixe cozinhando, de mansinho, para encorpar o caldo. Prove para verificar o sal. Se for preciso acrescente um pouco até chegar ao sabor desejado.

Molho de para acompanhar

Ingredientes:


1 cebola pequena
Cebolinha e salsa a gosto
1 tomate maduro sem sementes
2 pimentas vermelhas (ou outra de sua preferência, também pode ser molho já pronto)
Suco de meio limão pequeno
Sal a gosto
Azeite a gosto

Modo de fazer:

Pique todos os ingredientes em pedacinhos pequenos e coloque em uma tigela média. Adicione o sal, o limão e o azeite. Misture bem e deixe descansando.

Na hora de servir, cubra a mistura com uma quantidade generosa do caldo quente da feijoada, misture bem e sirva em seguida.

Sugestões de acompanhamento:

Couve ou taioba refogada
Arroz branco
Farofa
Fatias de laranja

E bom apetite!

Angelyne

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Imperfeição não é defeito, é arte!

Como assim? Vejamos com outros olhos!


A busca pela perfeição a que estamos acostumados na modernidade tem provado ser estressante. Tem sido a causa constante de doenças e desajustamentos decorrentes da ansiedade em alcançá-la!

A impossibilidade da perfeição gera conflitos internos e de socialização, quando o indivíduo se vê incapaz de ser como gostaria. Nesse ponto começa a se entregar às aflições do insucesso, acabando por desenvolver quadros depressivos. Muitas vezes essas situações resultam em finais desastrosos.

Seria possível evitar esse círculo vicioso? Existe uma filosofia japonesa que tem a resposta certa para resolver esta questão!

Simplicidade e imperfeição - Imagem Google
Wabi-Sabi (わびさび)?

O wabi-sabi é a apreciação estética do despojamento. Simboliza viver uma vida comum com a insuficiência ou com a imperfeição e está relacionado aos princípios de desapego do Zen budismo.

As raízes do Wabi-Sabi repousam no Zen Budismo, que foi trazido da China para o Japão por um monge do século XII. Zen enfatiza a austeridade, a comunhão com a natureza e, acima de tudo, reverencia o dia a dia como sendo o verdadeiro caminho para a iluminação.

Para alcançar a iluminação, os monges Zen levam uma vida ascética, frequentemente isolada e permanecem em meditação por longos períodos.

Bonsai - Imagem Google
Não existe uma tradução perfeita para Wabi-sabi, esta dupla de palavras refere-se a uma abrangente visão de mundo japonesa, uma visão estética centrada na aceitação da transitoriedade e da imperfeição.

Wabi refere-se à harmonia, paz, tranquilidade e equilíbrio.

Sabi denota a beleza que se origina da progressão natural e inexorável que transforma e embeleza através do tempo e do uso.

Tal concepção estética é muitas vezes descrita como a do belo que é "imperfeito, impermanente e incompleto". Traduz a aspiração pela modéstia, simplicidade, austeridade e valorização da integridade de objetos e processos naturais.

Esses conceitos estão representados na produção artística através do assimétrico, do rústico, do imperfeito, do monocromático e do aspecto natural. Através do wabi-sabi é possível alcançar o vazio da mente que traz tranquilidade.

Tigela reconstituída por kintsugi - imagem Google
Kintsugi きんつぎ

Kintsugi ou "emenda de ouro" é uma arte japonesa de reparar  cerâmicas quebradas com laca  misturada com pó de ouro, prata ou platina.

Objetos laqueados são uma tradição de longa data no Japão. Desenvolvida por artesãos japoneses, essa técnica também foi utilizada em peças de cerâmica de outras origens como China, Vietnã e Coreia.

O kintsugi está associado à filosofia japonesa de wabi-sabi da aceitação do imperfeito ou defeituoso, abrangendo os conceitos de não-apego, aceitação da mudança e destino como aspectos da vida humana.

Pingente reconstituído por kintsugi - imagem Google
A estética japonesa valoriza as marcas de desgaste pelo uso de um objeto. O que pode ser visto como uma razão para manter um objeto mesmo depois de ter quebrado e como uma justificação do próprio kintsugi, destacando as rachaduras e reparos como simplesmente um evento na vida do objeto, em vez de deixar que a sua utilidade termine no momento de seu dano ou ruptura.


Influências na arte moderna

O kintsugi é o conceito geral de destacar ou enfatizar imperfeições, visualizando remendos e costuras como um adicional ou uma área para celebrar ou se concentrar em vez de destacar a ausência ou partes faltantes. Artistas modernos experimentam com a técnica antiga como um meio de analisar a ideia da perda, da síntese e melhoria através da destruição e reparação ou renascimento.

Embora originalmente ignorado como uma forma de arte em separado, o kintsugi e métodos de reparação relacionados têm sido destaque em exposições na Galeria Freer no Smithsonian e no Metropolitan Museum of Art.

Se compararmos estes conceitos, que influenciam a sociedade japonesa como um todo, com nossa cultura ocidental, com valores e padrões que tendem  a desprezar a beleza wabi-sabi da natureza humana, nos damos conta de quão artificiais são estes padrões.

Imagem Google
Consideramos as pessoas idosas como fardos pesados por estarem  ultrapassadas, feias, enrugadas. Não valorizamos seu conhecimento, sua experiência de vida e seus sentimentos.

Nos menosprezamos psicologicamente por não termos o emprego perfeito, o casamento perfeito, os filhos perfeitos, a aparência perfeita e a vida social perfeita. Nos desgastamos em busca dessa perfeição idealizada que, obviamente, não é acessível.

Que conclusão deriva de todas essas considerações?

Precisamos aprender a conviver com nossas imperfeições, sem nos cobrarmos resultados inalcançáveis. Todos temos defeitos e qualidades. Devemos procurar consertar os defeitos e desenvolver as qualidades.

O reconhecimento da beleza real de todas as coisas, a aceitação daquilo que não está em nossas mãos modificar e a compreensão do que podemos modificar e nos esforçarmos para fazê-lo, dentro de nossas possibilidades, deve ser a nossa meta de vida, o nosso kintsugi para alcançar o wabi-sabi.

O conceito wabi-sabi defende a singularidade do ser e a valorização de todas as etapas da vida, ressaltando tudo o que foi esculpido pela ação natural do tempo.

Portanto, a solução para fugir à busca do perfeccionismo estressante é praticar o wabi-sabi, pois a imperfeição é uma arte.

Abraço,

Angelyne